Em um país como o nosso, já reconhecido internacionalmente como excessivamente burocrático e com excesso de leis, normas e regulamentos, algumas até concorrentes, uma pergunta que sempre
surge quando se discute a implementação de uma nova lei é a sua necessidade.
Neste sentido, cabe primeiramente esclarecer que o movimento que desencadeou a necessidade, elaboração e aprovação da LGPD é de repercussão internacional e não local, e tem pautado seu  desenvolvimento  pela ausência/limitações existentes nas legislações dos países envolvidos, em lidar com o novo ambiente de relações entre as pessoas (físicas e jurídicas), que surgiu do uso crescente de novos e mais flexíveis padrões de tecnologia empregados nestas atividades. Inúmeros casos/problemas que se tornaram públicos, envolvendo o uso indevido de dados de milhões, e até bilhões de usuários, e, mais relevante ainda, a aparente fragilidade/insuficiências demonstradas por parte das empresas e governos para lidar com o assunto, tem feito brotar um sentimento de que a privacidade/intimidade das pessoas naturais possa estar em risco.
A primeira iniciativa relevante como resultado deste movimento foi a entrada em vigor da General Data Protection Regulation (GDPR), em 06/2018, uma lei europeia, mas com abrangência suficiente para alcançar empresas em todo o mundo, e que assim, passou a influenciar a legislação de muitas outras nações, notadamente nossa LGPD, que em muito se assemelha ao texto da GDPR.